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......@@ -285,13 +285,22 @@ Há também uma ligação fundamental entre simplexidade e bem viver.
O ego-autocentrismo parece invulnerável. O indivíduo não pode agir senão para
si e para os seus. Como tudo aquilo que é invulnerável, o ego-autocentrismo tem
seu ponto vulnerável, não no calcanhar, mas na cabeça, ou melhor dizendo, na
computação. O poonto forte de todo o ser computante, que é extrair informação
computação. O ponto forte de todo o ser computante, que é extrair informação
do seu universo, é também o seu ponto fraco: a possibilidade de erro. A
computação pode enganar-se nos seus cálculos, ou tratar uma informação
enganadora. Assim, todo o indivíduo pode tornar-se o instrumento da sua própria
perda enquanto julga trabalhar para a sua salvação.
-- 197
O ser computante pode até ser despossuído do seu próprio ego-autocentrismo,
como no caso da célula parasitada por um vírus, o qual, fazendo-a executar o
seu programa de reprodução, a faz agir para a sua própria destruição e para a
multiplicação do seu assassino. Os humanos tornaram-se mestres na sujeição dos
animais que, embora conservem a autonomia cerebral, isto é, o
ego-autocentrismo, estão de fato subjugados às finalidades dos subjugadores e
sobretudo tornaram-se mestres na sujeição do homem pelo homem, como já
indicamos.
-- 197, 198
### A discriminação cognitiva de "si"
......@@ -302,3 +311,30 @@ Há também uma ligação fundamental entre simplexidade e bem viver.
Ou, analogamente, se um organismo parasse de se reconhecer, seu sistema imunológico
poderia atacar a si mesmo.
### Computo ergo sum
* Autos: idem e ipse (196).
* Eu: auto-referência subjetiva do ser vivo (190).
* Mim: auto-referência objetiva do ser vivo (190).
O cogito começa a aparece como um anel espiral.
-- 202
Ora, evidentemente, as demonstrações "idealistas" que desprendem o sujeito da
órbita física e do mundo das coisas não são de modo algum comprobatórias. Em
geral, o cogito é insuficiente como prova científica ou lógica para dizer
alguma coisa sobre a natureza material ou imaterial do mim, sobre a sua
realidade transcendental ou fenomênica. Toda a busca de prova, deste domínio,
necessita da comunicação do cogitante com o universo exterior e da
intercomunicação dos cogitantes entre eles. Ora, o cogito funda-se
exclusivamente na autocomunicação do sujeito consigo mesmo e a sua validade
concerne, exclusivamente, a qualidade de sujeito. E é precisamente esse caráter
de autocomunicação que, embora constitua o seu limite, constitui a riqueza do
cogito, pensamento recorrente em ação, gerando e regenerando o seu próprio
começo, a sua própria origem, produzindo nesse mesmo processo sua unidade
complexa e as suas qualidades emergentes, que são aqui as qualidades próprias
do sujeito consciente.
--- 204, 205
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