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......@@ -8,7 +8,7 @@
### Geral
* Complexidade: complementaridade, concorrência e antagonismo de opostos em circuito.
* Complexidade: circuito de complementaridade, concorrência e antagonismo de termos irredutíveis.
* Método, originalmente caminhada, 36.
* Jogo, 111.
* Simples, homologia e equivalência, 181.
......@@ -605,7 +605,7 @@ Sujeito (220):
### Totalitarismo
Um novo e enorme poder de Estado tende a concentrar-se ao longo do século XX.
O Estado torna-se cada vez mais Estado-providência e Estado assistencial
(Welfare state). Num sentido, dedica-se cada vez mais à proteção e ao
bem-estar dos indivíduos, mas, ao mesmo tempo, estende as suas competências a
......@@ -613,7 +613,7 @@ Sujeito (220):
polimórfica, simultaneamente casulo (protetor mas eventualmente infantilizante)
e armadilha. Assim, desenvolve-se um Estado, de certo não totalitário, mas
totalizante, isto é, englobando todas as dimensões da existência humana.
Os notáveis desenvolvimentos informáticos, de que hoje se discutem as
ambivalências (Nora, Minc, 1978), deixam entrever espantosas possibilidades de
desconcentração comunicacionais e de que beneficiariam os indivíduos. Mas, ao
......@@ -624,11 +624,11 @@ Sujeito (220):
dispositivos de detecção e de escuta em todos os terrenos) pode doravante
exercer-se sobre o desvio, anomalia, originalidade. A isto é necessário
acrescentar já as futuras ações bioquímicas sobre o espírito ----- cérebro
\____________/
humano, que permitirão estabelecer uma normalização generalizada de todo o
desvio. Doravante, o Estado encontra-se dotado de poderes que, virtualmente,
excedem todos os poderes de controle e de intervenção jamais concentrados.
Aqui mesmo, temos de inscrever o processo aparentemente marginal,
sociologicamente menor, que já constatei (Método I): o conhecimento científico
produz-se cada vez menos para ser pensado e meditado por espíritos humanos, mas
......@@ -642,20 +642,20 @@ Sujeito (220):
seja unicamente matematizado, formalizado, simplificador, mas, ao contrário,
muito capaz de fornecer aos poderes novas técnicas de controle, de manipulação,
de opressão, de terror, de destruição.
Ao aproximarmo-nos, pois, do momento em que podemos considerar que todos estes
processos conjuntos poderiam permitir ao ser do terceiro tipo realizar-se em
onipotência, não só sujeitando-nos e manipulando-nos, mas também
infantilizando-nos, irresponsabilizando-nos e despossuindo-nos da aspiração ao
conhecimento e do direito ao juízo.
Tal hipótese não é brincadeira intelectual, pois o Estado dedicado a essa
realização surgiu no século XX: o Estado totalitário. Instala-se, sob diversas
variantes, em todos os continentes, em todas as civilizações, em todas as
sociedades, sob o impulso, o controle, a apropriação de um aparelho soberano: o
partido detentor de todas as competências, possuidor de verdade sobre o homem,
a história, a natureza.
A partir daí, bastaria que este Estado totalitário concentrasse e utilizasse de
modo sistemático todas as formas de dominação/controle, não só burocráticas,
policiais, militares, mitológicas, políticas, mas também científicas, técnicas,
......@@ -669,3 +669,38 @@ Sujeito (220):
constituam os artesãos de um desenvolvimento decisivo do ser do terceiro tipo.
-- 281, 282
### Autos
Autos significa "o mesmo": não identidade consigo mesmo fundada numa
invariância estáica, não identidade de dois termos distintos e semelhantes, mas
unidade de um anel que, girando incessantemente do mesmo ao si mesmo, produz e
reproduz o mesmo.
O autos pertence à raça dos anéis turbilhonares. Um ciclo genérico de
reproduções faz suceder os vivos aos vivos. Um turnover fenomênico faz suceder
as moléculas às moléculas, as células às células (se policelular), os
indivíduos aos indivíduos (sociedade). Assim como um turbilhão desenha uma
figura estável no seio do fluxo, igualmente, e ainda mais, o dinamismo
turbilhonar do autos produz, a partir de uma inscrição genética invariante,
formas corporais aparentemente estáticas (células, organismos, sociedades) e
aparece desenhar no tempo um esquema ou pattern fixo. Aqui reencontramos o
vínculo pseudo-antinômico entre o movimento irreversível e o estado
estacionário, dinamismo e a estabilidade, já bem elucidado (O Método !).
-- 287
O princípio de integração próprio de autos é, portanto, um princípio
polianelante complexo que permite construir, simultaneamente, vários graus de
auto-organização, de individualidade, de ser, de existência. Uma propriedade
notável destas integrações mútuas é que as relações de pertença não anulam as
relações de exclusão: cada ser permanece, no seu grau, um indivíduo-sujeito
egocêntrico, embora "pertença" a um mega-ser, ele mesmo egocêntrico, de que é
uma parte ínfima e enferma.
De onde as consequências perturbadoras para a ontologia tradicional: embora os
seres-sujeitos se excluam uns aos outros do seu lugar egocêntrico, podem,
contudo, constituir vários seres em um, um ser em vários e, ao mesmo tempo,
fragmentos de mega-seres.
-- 290
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