diff --git a/books/filosofia/metodo.mdwn b/books/filosofia/metodo.mdwn
index d5e5fa8812ce96ff8051bc412f2e26c4a327d706..8a34349005cc6f4afb7e6f91a14dea69818717f1 100644
--- a/books/filosofia/metodo.mdwn
+++ b/books/filosofia/metodo.mdwn
@@ -1,8 +1,10 @@
 [[!meta title="O Método"]]
 
-## Volume I
+* [Descarga El Método I Edgar Morin](http://www.edgarmorin.org/descarga-el-metodo-i-edgar-morin.html).
+* [Descarga Libro Metodo II al IV](http://www.edgarmorin.org/descarga-libro-metodo-ii-al-iv.html).
+* [Volume I em português](https://monoskop.org/File:Morin_Edgar_O_metodo_1_A_natureza_da_natureza.pdf).
 
-* [Download](https://monoskop.org/File:Morin_Edgar_O_metodo_1_A_natureza_da_natureza.pdf).
+## Volume I
 
 ### Geral
 
@@ -316,9 +318,11 @@ poderia atacar a si mesmo.
 
 * Computação, "com-puter": examinar, avaliar, estimar supor ("puter") em cojunto, ligando ou confrontando aquilo que está separado, separando ou dissociando aquilo que está ligado ("com") (183).
 * Autos: idem e ipse (196).
-* Eu: auto-referência subjetiva do ser vivo (190).
-* Mim: auto-referência objetiva do ser vivo (190).
+* Princípio de exclusão: identificação do si e do não-si.
 * Vida: auto-computante: computa a si mesma.
+* Si: referência corporal objetiva (213), corporalidade (214).
+* Eu: auto-referência subjetiva do ser vivo (190), afirmação egocêntrica (213).
+* Mim: auto-referência objetiva do ser vivo (190), referência objetiva do eu e referência subjetiva do si (213).
 
     O cogito começa a aparece como um anel espiral.
 
@@ -341,7 +345,7 @@ poderia atacar a si mesmo.
 
     --- 204, 205
 
-    O computo não "penssa" de modo ideal, isto é, isolável. "Pensa" (computa) de
+    O computo não "pensa" de modo ideal, isto é, isolável. "Pensa" (computa) de
     modo organizacional. O computo concerne o "eu sou", não no plano da consciência
     ou da representação, mas no plano da produção/geração/organização. Não existe
     certamente constituição de sujeito consciente ao nível da "Escherichia coli".
@@ -393,3 +397,162 @@ poderia atacar a si mesmo.
     (eu).
 
     -- 209
+
+    Devemos também supor que esses termos [...] são como que instâncias
+    referenciais que fazem circular a reflexão de um ponto de vista a outro, cada
+    uma das quais permite ao sujeito reconhecer ou afirmar um dos seus rostos.
+
+    -- 213
+
+    Já vimos aquilo que separa uma computação cerebral que só gera representações e
+    uma computação celular que gera a vida. O computo celular produz o ser objetivo
+    e, ao mesmo tempo, a modalidade subjetiva do ser. É o operador do circuito no
+    qual, simultaneamente, o ser e a modalidade subjetiva do ser se geram e se
+    regeneram, permanentemente.
+
+    -- 214
+
+    Temos que entender radical, fundamental, plenamente: computo ergo sum. Computo
+    não significa "tenho um computador na minha máquina". Não significa apenas "sou
+    um ser computante". Significa "eu computo, logo eu sou".
+
+    -- 216
+
+### Existencialismo
+
+Turnover molecular, turbilhão computante (221, dentre outras).
+Jogo, erro e morte (217), a tragédia básica da existência e a solidão comunicante (218):
+
+    Assim, a autou-afirmação individual do indivíduo-sujeito é a de um ator que
+    joga o jogo de viver para ganhar a vida. A noção de ator é existencial no
+    sentido em que o ator se joga a si mesmo -- joga a sua vida -- na busca, no
+    esforço, no perigo no seio do "teatro" natural que é o seu ambiente. A condição
+    existencial do jogo marca toda a vida: é a natureza sempre renascente e a luta
+    sempre renascente contra a incerteza.
+
+    O ator vivo mais modesto dispõe, para jogar o seu jogo, do seu capital de
+    informações hereditárias e do computo egocêntrico que lhe permite transformar a
+    informação em programa, extrair informações do mundo exterior, agir em função
+    da situação. mas o computo comporta a sua brecha de incerteza: o risco de erro.
+    Toda a existência viva traz consigo o risco permanente de error (no
+    funcionamento auto-organizador, na percepção do mundo exterior, na escolha ou
+    na decisão, na estratégia do comportamento) e todo o risco de erro traz consigo
+    o risco e morte.
+
+    [...]
+
+    Como vimos, a morte não é o inimigo mortal da vida (porque, sem deixar de ser
+    desintegrante, está integrada nas transformações e regenerações da vida). Mas é
+    inimiga mortal do indivíduo-sujeito.
+
+    -- 217
+
+    Toda a existência que joga é, simultaneamente, jogada e joguete. [...] O
+    estatuto do objetivo é incerto, improvável, aleatório, perecível, mas este
+    indivíduo, por improvável e pouco necessária que seja a sua vinda ao mundo, por
+    inexoravelmente mortal que ele seja, torna-se, logo que nasce e se forma, um
+    ser absolutamente necessário "para si" e tende a viver a todo custo,
+    indefinidamente. Aí reside a tragédia da existência viva. O indivíduo é um
+    quantum de existência, efêmero, descontínuo, pontual, um "ser-lançado-no-mundo"
+    entre ex nihilo (nascimento) e in nihilo (morte) e é ao mesmo tempo um sujeito
+    que se autotranscende acima do mundo. Para ele, é o centro do universo. Para o
+    universo, não passa de um vestígio corpuscular, um estremecimento de onda. Para
+    ele é sujeito, para o universo é objeto. É a sua própria necessidade, embora
+    tenha nascido por acaso, viva no acaso e morra no acaso. Nasceu no meio de
+    milhões de sementes inutilizadas, dilapidadas, volatilizadas, formou-se num
+    mistério de agregação, de epigenetização, de animação, que, do nada, produziu
+    este instante periférico que se julga o umbigo do mundo.
+
+    [...]
+
+    O ser vivo, por constituição, está destinado à solidão existencial. Produz e
+    mantém a sua membrana-fronteira. Opera a cisão ontológica entre si e não-si. A
+    sua computação está numa câmara escura, e as informações que extrai são
+    traduções.
+
+    [...]
+
+    A solidão, a separação, a incerteza constituem as condições prévias e
+    necessárias da comunicação. Só os solitários podem e devem comunicar.
+
+    -- 218
+
+    O computo tem o papel vital e fundamental de traduzir acontecimentos em
+    informações a computar por e para si. A partir daí, surge um problema que se
+    tornará permanente e agudo na existência animal: como evitar o erro, como
+    induzir em erro o adversário, o inimigo?
+
+    [...]
+
+    Como veremos cada vez mais claramente, a afetividade é a consequência, não a
+    origem, da existência subjetiva.
+
+    [...]
+
+    A relação entre recepção de estímulos exteriores (a bactéria dispõe de
+    químico-receptores) e o computo abre a porta à sensibilidade. A partir daí,
+    tudo aquilo que acontece de nefasto ou benéfico é não só computado como "bom"
+    ou "mau" (para si), mas também pode ser sentido como irritante ou apaziguante.
+    As sensibilidades e irritabilidades progridem com o desenvolvimento dos
+    receptores sensoriais e das redes nervosas.
+
+    -- 219
+
+### O Sujeito
+
+Sujeito (220):
+
+* Esqueleto lógico-organizacional e carne ontológico-existencial.
+* Lógico: auto-referência, distribuidor de valores.
+* Organizacional: conceito inerente e necessário à auto-(geno-feno-eco)-organização.
+* Ontológico: sua afirmação individual egocêntrica é inerente e necessária à definição do ser vivo.
+* Existencial: cada um dos seus traços constitutivos comporta uma dimensão existencial.
+
+    O sujeito, repito, não é uma substância, uma essência, uma forma.
+    É uma qualidade de ser [...]
+
+    --- 221
+
+    Assim, podemos ver que a qualidade de sujeito não é um epifenômeno ou uma
+    superestrutura da individualidade viva, mas uma infra-estrutura que permite
+    inscrever muito profundamente o indivíduo e o genos um no outro. Com efeito,
+    não é apenas a mensagem genética que é necessária à constituição do sujeito.
+    É a estrutura reprodutora que é indispensável à estrutura do sujeito, ao menos
+    na esfera originárias e fundamental do unicelular. Reciprocamente, não é
+    apenas a existência de um indivíduo que é necessária à reprodução genética.
+    É a estrutura primeira do sujeito que é indispensável à estrutura reprodutora
+    primeira.
+
+    --- 223
+
+    Marx dizia que a chave da autonomia do macado reside na autonomia do homem.
+    Entendia com isso que o desenvolvimento, no homem, de qualidades potenciais
+    ou embrionárias no macaco, permitia perceber aquilo que seria invisível
+    se tivéssemos considerado o macaco isoladamente da evolução pela qual o
+    metamorfoseou em homem. Em outras palavras, o ulterior permite conceber o
+    anterior. Temos, pois, de prolongar a fórmula marxiana relativa ao macaco pela
+    proposição contrária mas complementar, e pela conjugação em anel destas duas
+    proposições [...] Em outras palavras, a chave de ambos está no movimento
+    e confrontação initerrupto produtor de hipóteses e de teorias.
+
+    -- 224
+
+### Comunicação, redes e o outro (alteridade)
+
+* Egoísmo e altruísmo, 232.
+
+    A faculdade de computar o outro como alter ego/ego alter é sem dúvida
+    inseparável da faculdade de se computar a si "objetivamente" como um outro
+    si-mesmo (alter ego) e de identificar este alter ego com a sua própria
+    identidade subjetiva. [...] A comunicação entre congêneres exterioriza,
+    num outro semelhante a si, os processos internos de objetivação/subjetivação,
+    proteção/identificação. Constitui-se, entre os dois parceiros, de modo
+    recíproco, um circuito de proteção (de si sobre o outro) e de identificação
+    (do outro consigo).
+
+    -- 228
+
+    Assim, o anel que encerra o sujeito sobre si mesmo abre-lhe ao mesmo tempo a
+    possibilidade de comunicar-se com outrem.
+
+    -- 229